Os Guardiões dos Portais ou os Quatro Avôs


O Lobo
O Avô Lobo é o Totem que guarda a Direção Sul. Conectar-se com
ele é incorporar as energias do professor que busca constantemente o
Conhecimento e a Sabedoria, lealdade, espiritualidade, além de assumir
uma consciência muito forte sobre a importância da coesão do grupo e
da família. Seu momento de maior poder reside no ciclo da Lua Cheia.
Este animal é capaz de rastrear as causas das enfermidades e
devorar as entidades malignas nos corpos do paciente, velando por sua
recuperação. Muitos xamãs invocam este Totem nas cerimônias e rituais
de cura por sua força e poder. Na Grande Nação das Estrelas, ele é
representado pela Estrela Sírius, considerada a morada de nossos
ancestrais.
Os sentidos do Lobo, principalmente o faro, são muito apurados.
Sua audição, visão e velocidade o colocam em vantagem em relação a
outros animais, inclusive presas. Este guardião traz a energia da nutrição
da família e do grupo, tanto física quanto emocional.
Em seu habitat natural observa-se que os Lobos são dóceis, amáveis
e sociáveis. Fiéis, escolhem um parceiro para toda a vida, embora nunca
desistam de sua individualidade, preservando suas características dentro
e fora do grupo. São animais fortes e com grande capacidade de
adaptação a novos ambientes e situações.
Sentado no Sul, o Avô Lobo nos conecta com a energia da criança e
com a necessidade de incluir a brincadeira e a alegria em nossa lida
diária. Ele nos relembra a inocência original da confiança e da entrega.
Acolher a nossa criança interna, acalentá-la, escutando o que ela
tem a dizer é uma forma de nos curarmos de muitos males. Quando
incluímos a alegria e a brincadeira em nossa vida, o aprendizado e
cumprimento das tarefas fica mais leve e mais fácil de suportar. O Lobo
nos ensina a fazer isso; o seu arquétipo é bálsamo para o coração ferido
principalmente em relações familiares conflitadas e dolorosas. O
Guardião do Sul remove as couraças da alma para que possamos voltar a
confiar e a amar.
O Urso
O Urso é um símbolo e um poderoso Totem para quem busca a
Medicina da Terra, a cura pelas plantas e ervas para males e doenças.
Ele está sentado no Oeste, o Outono, que representa a preparação
para a longa hibernação do Inverno.
O longo sono traz os sonhos do Inverno, ou sonhos do Urso,
considerado em muitas tribos como uma poderosa medicina. O
conhecimento sobre ervas, plantas, frutos e raízes pode ser transmitido
nesta dimensão.
Quando o Urso, o Avô Guardião do Oeste, se apresenta repetidas
vezes nos sonhos, ele pode estar querendo revelar um remédio especial.
Sua Medicina, aliás, é partilhada indistintamente com todos aqueles que
trilham o caminho do respeito à Mãe Terra, daí que às vezes ele aparece,
seja em sonhos ou visões, pedindo ajuda para todas as criaturas e
crianças da Terra.
Como muitos outros animais, o Urso não deseja um confronto com
o ser humano. Em geral, ele só ataca quando encurralado ou quando
sente que sua prole está sendo ameaçada de alguma forma. Como o
Lobo, o Urso tem características semelhantes ao homem: é um animal
vaidoso e gosta de se olhar na Água, o elemento do Oeste que representa
as emoções. A partir daí aquele que se conecta com este Totem de
alguma forma está em busca de si mesmo e de sua imagem verdadeira,
além das aparências.
Este animal está ligado ao simbolismo da potência dos instintos e a
escuridão do inconsciente, relacionando-se com a energia feminina. Sua
força e poder estão centrados na sua capacidade de introspecção — o
caminho natural para se acessar a sua medicina, ele traz as qualidades da
coragem, morte e transformação, despertando o poder do inconsciente.
Seu ciclo de poder está na Primavera e no Verão.
O grande Avô Urso também possui uma simbologia astrológica,
dando nome a algumas constelações, como a Ursa Maior.
O Búfalo
Reverenciado pelos povos das planícies americanas como a
expressão física da abundância, pois dele tudo se aproveita — carne.
pele, chifres, ossos — para alimento, confecção de instrumentos, armas e
utensílios domésticos, roupas, cobertores e forro para os tipis, o Búfalo é
o animal símbolo do Norte.
Quando a Mulher Novilha de Búfalo Branco apareceu para os
Lakota para lhes trazer o Cachimbo Sagrado, primeiro mostrou-se como
uma novilha e depois assumiu a forma humana. Por isso, este Totem
representa a encarnação do Divino na Terra.
Este animal significa para muitos povos a provisão, proteção,
gratidão. A Dança do Sol, um dos sete rituais sagrados, é realizada para
agradecer ao Grande Espírito pelas dádivas deste Guardião e a
abundância que ele sempre representa. Sua presença é tão importante
para o índio que algumas nações entraram em declínio depois que o
homem branco dizimou as manadas de búfalo em busca do lucro fácil
das peles, abandonando grupos inteiros à fome e ao desamparo.
A visão de um Búfalo ainda hoje é sinal de que as orações estão
sendo ouvidas, as tradições honradas e as promessas cumpridas. No
Brasil, o Búfalo também está no Norte, principalmente na Ilha de Marajó,
no Pará. A partir destas fazendas o Búfalo foi levado para outras áreas,
inclusive Bahia, onde cumpre o seu papel de grande e abundante
provedor nas regiões Oeste e Sudoeste. Aqui ele trocou as planícies
nevadas pelos charcos.
A Medicina deste Avô, cujo ciclo de poder se perpetua durante
todas as Estações, baseia-se principalmente na oração e gratidão, em
honrar todas as relações e no respeito por todas as coisas vivas e nãovivas
que coexistem sobre a Mãe Terra. Ele traz as energias da beleza,
nutrição, partilha, reverência pelo sagrado, integridade e dignidade.
O Búfalo nos ensina que para alcançarmos a abundância
precisamos manter relações harmoniosas com todos os seres da Criação,
conservarmo-nos em estado de oração, em sintonia com o Criador,
atentos aos ensinamentos dos anciões do Norte. São eles que nos indicam
quando devemos ouvir, calar e falar, honrando e respeitando todas as
demais formas de vida, zelando pela grande Mãe Terra. A abundância é
uma dádiva do Grande Espírito para aqueles filhos que escolhem trilhar
o caminho que lhes é destinado, em equilíbrio e graça.
A Águia
O Avô Águia é o pai do primeiro xamã. Com seu olhar arguto e
seu porte imponente senta-se no Leste, a casa do Sol nascente, de onde
guarda o caminho para a iluminação do espírito. Este pássaro mágico e
iniciador, símbolo de liderança e poder, voa tão alto que toca a face do
Grande Espírito e desperta o Avô Sol, daí suas penas trazerem uma
grande energia de cura e serem usadas por inúmeros curandeiros.
Este pássaro é muito honrado pelos povos indígenas, tanto que
matar uma Águia em uma caçada é indício de má sorte para o guerreiro.
Na América do Sul, este Guardião do Leste é o Condor, nos Andes, é a
Harpia, no Brasil, animais que conservam as energias e qualidades do
arquétipo, entre elas a clareza e a capacidade para superar os nossos
limites. A Águia é uma ponte de ligação entre o Pai Céu (onde voa) e a
Mãe Terra (onde vem buscar o seu alimento).
Se uma Águia lhe aparecer ou voar em círculo sobre sua cabeça ou
em uma área próxima, diz a tradição que é o momento de parar para
honrar sua presença como uma grande bênção, pois este guardião é uma
visão especial que o Grande Espírito lhe oferece com carinho.
Para recolher suas penas na natureza o homem deve contar com
extrema habilidade, pois a Águia costuma destruí-las quando caem. O
verdadeiro guerreiro, no entanto, não espera encontrar penas pelo chão;
ele sai em buscado animal, em uma caçada ritual. Em primeiro lugar, ele
se purifica na Sauna Sagrada e depois é conduzido ao local de onde vai
tentar capturar o pássaro. Leva um alimento — preferencialmente um
Coelho — para oferecer-lhe, e quando a Águia desce para pegá-lo é
apanhada pelo caçador.
Capturado, o pássaro 6 levado para a aldeia e, então, colocado em
um altar, realizando-se ali a Cerimônia do Cachimbo. Só depois disso as
penas são retiradas e o corpo da Águia levado de volta para o local onde
foi capturado e devolvido, com oferenda de tabaco, para o Cirande
Mistério. As penas da Águia tomam-se ainda mais poderosas se o
curador as ganha de presente.
Assim se demonstra como o pássaro é respeitado pelo povo. E o
caçador, por sua vez, torna-se, pelo seu feito, um homem bravo. Esta
caçada, que também e um ritual de passagem, torna-se cada vez mais
distante porque o propósito maior dos nativos é hoje preservar a espécie
já tão ameaçada pela civilização do homem branco e matança
indiscriminada por parte dos fazendeiros na defesa de seus rebanhos
contra este predador alado.

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