Mito da Grande Estrela

O Coiote chegou para Texugo e disse: “Venha, vamos até o alto daqueles penhascos. Há algumas águias lá em cima”. Coiote estava interessado na esposa de Texugo e esperava com isso fazê-lo cair numa armadilha. Coiote persuadiu-o a escalar o penhasco, enquanto ele ficava lá embaixo. Quando Texugo chegou no alto, não viu nenhum ninho de águia, só gafanhotos.
Enquanto Texugo estava no cume. Coiote soprou nas quatro direções das colinas. Ele começou a subir no ar, até chegar ao céu, e depois parou. Texugo teve que ficar lá em cima durante quatro noites. Não havia nada para comer ou beber.

Quatro Serpentes Corredoras viram Texugo, do céu. Essas cobras corredoras eram seres divinos. Eram como sentinelas do mundo superior. Os seres divinos disseram para as serpentes levarem o Texugo até lá em cima. Então elas foram até o penhasco, fizeram uma cruz entre si e transportaram Texugo até o céu. Naquela época, Texugo era uma pessoa, assim como o Coiote e as Serpentes Corredoras.

Quando chegou ao mundo superior, Texugo viu que os seres que ali estavam viviam juntos, em comunidade. Ofereceram-lhe um pouco de carne de cervo e ele lhes falou tudo a respeito de si mesmo, contou-lhes sua história de vida. O Povo Estrela então transmitiu-lhes o conhecimento secreto que se refere aos mortos. Texugo ficou lá durante quatro anos, aprendendo as diversas ramificações do Caminho da Grande Estrela, até sabê-lo perfeitamente. Então lhe foi dito que voltasse para casa, e transmitisse esse conhecimento ao seu povo.

As Serpentes Corredoras entrecruzaram-se de novo e enviaram-no de volta para baixo, para o local onde tinha sido o seu lar. Depois tornaram a desaparecer no céu. Já haviam passado quatro anos desde que ele partira e seu lar estava deserto. Ele encontrou o Atiçador atrás da porta; o atiçador falou com ele e lhe disse que Coiote havia levado sua família embora, na direção leste. Ele foi par leste e encontrou um antigo barracão e mais um atiçador que então lhe disse que sua família e o Coiote tinham vivido por ali por um ano e depois seguiram outra vez para leste. A mesma coisa ocorreu quatro vezes.

Quando ele chegou na Quarta cabana, encontrou sua esposa e filhos em estado lastimável. Chamou as crianças, mas estas não puderam reconhecê-lo porque ele se ausentara quatro anos. Ele lhes deu carne de cervo que havia trazido dos Seres Divinos. Então ouviu Coiote uivar do lado de fora, e percebeu que estava regressando com uma sacola velha com um coelho. Coiote chamou os filhos de Texugo de mendigos e exigiu que eles viessem para fora e cumprimentassem-no do modo certo. Quando chegou à soleira da porta, viu que estavam com seu pai.

Quando chegou à cabana viu que Texugo havia trazido uma bela porção de carne de cervo, muito melhor do que o coelhinho mirrado que tinha apanhado. E disse: “Primo, dê-me um pedaço disso”. Texugo então deu-lhe um pedaço, mas colocou dentro uma estrelinha do céu do mundo, embrulhada, e Coiote comeu tudo. De repente Coiote arremete para fora de casa. Podiam-se ouvir seus passos enquanto corria e, de súbito, cessam. Coiote tinha simplesmente desmaiado e virado de pernas para o ar por causa da estrela dentro dele. Texugo saiu e viu que Coiote estava morto. A estrela tinha queimado sua garganta. Então voltou e viu que sua esposa estava doente porque tinha ficado com Coiote. Por isso realizou o Caminho da Grande Estrela para ela, que se recuperou. Foi assim que o Caminho da Grande Estrela teve início.

Enquanto isso, uma minhoquinha, veio e arrastou o Coiote morto para longe rumo ao norte. Para ajudar a esposa a recuperar suas forças, Texugo saiu a colher ervas e bagos. Enquanto estava procurando, a pele de Coiote de repente veio para cima dele. Era Coiote de volta novamente, ele ainda queria aquela mulher.

Seus olhos não conseguiam enxergar nada porque a pele os cobria por inteiro. Enquanto estava rastejando a esmo, tocou quatro tipos de arbustos. Passou a noite um pouco em cada um, e depois esses arbustos foram aqueles que usou para confeccionar os aros para a cerimônia dos aros. Finalmente uma baioneta de iúca perfurou-lhe a pele. Depois de quatro noites nos arbustos, Texugo pediu à Grande Mosca que fosse até Menino Sagrado e lhe contasse tudo que havia acontecido. Pediu a dois membros do Povo Estrela que o visitassem. Estes vieram e realizaram uma cerimônia especial de cura, com os aros, um para cada direção. Ao engatinhar para passar pelo último, a pele de Coiote foi removida. Foi assim que o Caminho da Grande Estrela, teve ínicio. As estrelas realizaram essa cerimônia em particular e o ajudaram para livrar-se da pele de Coiote.

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