Terra
Quando o Grande Mistério decidiu criar o Universo, começou a
retirar de Si os espíritos da Natureza que fariam parte de toda a Criação.
Assim criou a Terra, o primeiro elemento e o terceiro espírito que
emergiu Dele. Essência da energia feminina, a Terra é o espírito
dementai básico da sustentação e do crescimento. Ela é quem dá força e
nutre tudo que tem vida.
Conta a tradição do povo Lakota que Wakan Tanka, o Grande
Mistério, juntou, um dia, todas as cores luminosas para criar o sagrado
marrom da Mãe Terra. Ao mesmo tempo, Skan, o espírito do Movimento,
também chamado de o Eterno Agora, que existe desde antes da criação
do Tempo, trouxe a Água, criando mares e oceanos. Então Inyan, o
espírito do Equilíbrio, tornou-se pedra e ligou-se à Terra para dar
sustentação ao seu corpo.
Na Roda de Cura, este elemento está representado (na maioria das
tradições indígenas) na Direção Sul, onde se localiza o corpo físico e,
além do marrom, ela é simbolizada, ainda, pela cor verde.
Este espírito elemental inclui as qualidades geradoras, nutridoras e
protetoras. Tudo que diz respeito à Terra possui forma, tamanho, peso e
substância material. Os seres da Terra são a consciência das pedras
preciosas, cristais, dos minerais e da própria Terra.
Chamada de Grande Mãe, Grande Deusa, Mãe Terra, ela nos fala
do Amor incondicional, do sentimento que resiste a todos obstáculos e
que encontra nas adversidades a força para crescer. Revela a importância
da nutrição (nutrir e ser nutrido), do contínuo ciclo das Estações e as
mudanças, da expressão da criatividade pessoal e do poder do feminino.
A Terra, segundo o sonho do tempo da Criação, trouxe em seu
útero todas as raças humanas. É Ela quem cria a vida neste plano físico e
que, com a energia do Sol, cria a Paixão que se manifesta na Criação e na
geração da vida. Ela representa a forma do corpo da mulher e, como
mãe, nutre todos aqueles aos quais deu a vida.
O vento Sul habilita a Mãe Terra a germinar seus frutos para que a
vida se mantenha sobre o Planeta. Esta Direção, onde está o Espírito do
Mundo, é o local da inocência, do crescimento e do rejuvenescimento.
Se alguém esqueceu, ou perdeu, a sabedoria e o conheci mento dos
seus dons deve procurar abrir os olhos da sua criança interior. Eles são a
grande ponte para o conhecimento pessoal, o domínio das palavras e do
aprendizado sobre a sabedoria do mundo. É por meio destes olhos e
desta capacidade de olhar que a energia criadora do Avô Vento partilha
conosco o crescimento, a ressurreição e a nutrição.
Entre as qualidades de Maka, o Espírito Sagrado da Mãe Terra, está
a compreensão profunda das forças telúricas primordiais, a humildade e
força na defesa das virtudes, a natureza prodigiosa (capacidade de criar
fenômenos e manifestações capazes de mobilizar os seres humanos), zelo
pelo Planeta, capacidade de materialização da energia da criação (sua
tarefa vai desde colorir flores até formar grandes cavernas), guardiã de
tesouros ocultos e estimula a criatividade e a inspiração nos humanos.
Os rituais mais simples ligados ao uso mágico e sagrado da Terra
envolvem a confecção de escudos, talismãs de proteção, oferendas de
cereais ou frutas, invocações de prosperidade e abundância e meditações
com as forças da natureza. Para honrar a Terra, os humanos a
representam com árvores, plantas, grãos, pedras, sal, pote de barro com
terra. Os rituais incluem abraçar árvores e caminhadas na natureza.
Água
O espírito da Água ocupa a Direção Oeste na Roda de Medicina.
Símbolo da clareza, pureza e limpeza, é a fonte que cria e sustenta a vida,
representada no útero pelo líquido amniótico.
Pelas suas características de fluidez, mutação constante,
turbulência e tranqüilidade, a Água representa as emoções, os
sentimentos, os aspectos femininos da vida (fluência, criatividade e
emotividade).
Como traz a vida, a água é também purificadora e por isso está
associada aos ritos de passagem, principalmente àqueles que trazem o
significado da morte para que haja um novo nascimento: a própria morte
é descrita como o "atravessar de águas" e muitos dos mitos antigos, nas
mais diversas civilizações, trazem as águas dos dilúvios e inundações
como portadoras da morte e/ou purificação.
A Água é utilizada nos rituais de cura, harmonização, abertura dos
canais intuitivos e para melhorar a sintonia psíquica. Como elemento
purificador possui seu próprio ritmo e movimento. Isso significa tempo e
mudança: os oceanos e mares, mais velhos que a própria manifestação
primitiva de vida, estão em constante mutação e, no entanto, são os
mesmos que o homem primitivo conheceu. As civilizações vêm e vão, e
os mares estão aí, presentes.
A água tem ritmo e movimento próprios, tempo e mudanças e por
suas características de fluidez, mutação constante, turbulência e/ mi
tranqüilidade, ela representa as emoções, os sentimentos, os aspectos
femininos da vida (fluência, criatividade e emotividade). São os espíritos
aquáticos que podem nos ensinar a trabalhar adequadamente com a
força das nossas emoções. Por meio deles nos abrimos a cura e
desenvolvemos nossa natureza psíquica.
Na magia, a força das águas é imensa. Este elemento e capaz de
lazer com que o homem transcenda seus limites e alcance a sabedoria e a
visão. Cruzar as águas significa uma profunda alteração de consciência
(iniciação). Deixar-se atrair pelo canto mavioso de dementais das águas é
se entregar às profundas mudanças simbólicas que se processam no
interior da mente e da consciência, é iniciar-se em reinos maravilhosos e
desconhecidos.
Os humanos jamais serão os mesmos após estes encontros, e a
sensação de morte ou perda de alma que descrevem e que, pela primeira
vez, vislumbraram uma imagem verdadeira de suas almas (esta é apenas
uma das tantas explicações psicológicas e espirituais que tentam
descrever a natureza deste contato com os seres aquáticos e o próprio
inconsciente e emoções humanas).
A mais conhecida das iniciações com a água é o batismo. Nos
tempos antigos este ritual era minuciosamente preparado para que,
quando realizado, realmente desprendesse a teia etérica do corpo a fim
de abrir a verdadeira visão espiritual. Sua força era tamanha que se
equiparava a um novo nascimento, justamente aquele que possibilitava
ao ser humano contemplar o mundo sob sua verdadeira luz, a espiritual.
As forças transcendentais que operam no interior e pelo reino físico
passavam a ser claramente percebidas.
A Água possui vida própria. É um mundo fantástico povoado de
criaturas e seres misteriosos. Entre todos os povos os mitos aquáticos
estão presentes, e tribos norte-americanas falam de uma civilização
oculta, conhecida como Tribo das Águas.
O espírito da Água, Mini, prima pela beleza e entre suas
qualidades estão as formas suaves e femininas, sinuosas, dóceis, gentis e
tão sedutoras que chegam a "roubar" a alma dos humanos, levando-as
para os fundos dos rios e oceanos (entre as tribos brasileiras é muito
comum o roubo de almas das crianças pelos espíritos dos rios). Adora
flores e plantas — uma forma de atraí-lo é oferecer-lhe flores jogando-as
em rios, lagos e mares. Ama a música e, quando se manifesta, sua voz é
encantadora.
Os humanos se conectam com o espírito da Água em busca de
encantamentos, presentes e tesouros mágicos de cura e proteção, além da
saúde. Ele mostra ao homem como multiplicar a abundância dos seus
recursos pessoais e materiais e a vencer medos e limitações.
Banhos de sal e ervas, essências, de mar ou cachoeira, o uso da
água da chuva são os rituais mais simples ligados ao espírito da Água.
Algumas tradições representam a Água com espelhos ou superfícies
polidas e brilhantes para encantamentos de amor, fertilidade e
harmonização do campo emocional.
Ar
O Ar é a força da vida e suporte e sustento para o ser humano,
representando a essência do espírito. Quando inspiramos, inflando os
pulmões, absorvemos o sopro da Fonte da Vida, e quando expiramos,
partilhamos esta dádiva com o mundo.
O Ar é um dos quatro elementos sagrados e está ligado ao corpo
mental (Norte), aos processos intelectuais, ao impulso para a
manifestação do conhecimento e às criaturas aladas. Na tradição
xamânica, os rituais que honram este elemental envolvem as purificações
com incensos.
O Ar é tão essencial à vida quanto a Água. É um elemento criador,
ativo, expansivo e seco, de qualidade masculina. O Vento, o Ar em
movimento, é um excelente purificador de energias negativas.
Transforma situações estagnadas, renova conceitos e espalha idéias.
Para muitos curadores nativos, respirar corretamente, conectandose
com a consciência, é o mesmo que orar. Eles entendem que o Criador
está presente na respiração que tomamos e nossos pensamentos e
intenções em cada expiração. Por isso, os xamãs dizem que para
melhorar o mundo é preciso que as pessoas usem a mente para criar
pensamentos de beleza, alegria, paz, amor e harmonia, listas qualidades
serão exaladas junto com o Ar expirado, fazendo com que passem a
circular entre todas as nossas relações sobre a Terra.
Quando se respira experimenta-se a alegria de estar vivo e
consciente de que o Ar que inspiramos agora foi usado e reciclado por
outras vidas antes de nós e que cada lufada de ar que tomamos vem de
alguma parte da Criação.
Pela respiração podemos nos curar. Quando nos sentimos
estressados devemos parar para respirar. Tomar consciência do nosso
corpo, mente e, concentrados na respiração, permitir que o ar circule no
nosso físico de modo a desbloquear os nós e relaxar as partes tensas até
voltarmos ao estado normal.
O Ar é o elemento que une Céu e Terra, serve de ligação entre
nossa natureza espiritual e a consciência física terrena e representa as
manifestações mais elevadas da mente e a inspiração superior. Por isso
absorvemos força e poder quando respiramos. Durante a meditação,
respirar sincronizadamente em harmonia com o pensamento é uma das
chaves para a ampliação da consciência, da abertura para visões.
O Ar é o condutor do som. Ele possibilita a existência da música. O
espírito do Ar está presente no mais leve suspiro e no mais forte
vendaval. É ele que trabalha para conservar o equilíbrio atmosférico e
formar as nuvens. Presente sempre que um processo de cura se torna
iminente, atua para aliviar a dor e o sofrimento.
O espírito do Ar, Niyan, é revigorante, estimulante e mutável.
Confere grande poder a nossas palavras, ajuda a compreender todas as
línguas, inclusive a linguagem dos animais, revela sua presença por meio
de brisas repentinas, aromas e penas que aparecem misteriosamente. Ele
auxilia o homem a desenvolver a sabedoria baseada na intuição superior
e a transmutar a sensitividade psíquica em sensitividade espiritual, a
desenvolver uma postura mística de reconexão com o sagrado e a
reconhecer e a empregar os ventos da mudança em todos os aspectos da
vida humana. Com o espírito do Ar redescobrimos a força para superar
obstáculos.
Esta é a sua principal lição de harmonia: vencer os conflitos e a
tristeza para que se manifeste maior criatividade pede uma força mental
gigantesca que ele nos ajuda a adquirir.
Os rituais ligados ao espírito do Ar envolvem purificações com
incensos, óleos aromáticos, essências, ervas, sons, oração por meio da
fumaça do Cachimbo Sagrado, além de exercícios respiratórios e da
varredura de teias mentais que estejam enredando a pessoa. Invoca-se o
Ar nas cerimônias relacionadas com viagens, estudos, conhecimentos,
para descobrir objetos perdidos, revelar situações mentirosas e na
abertura de novos caminhos.
"Respirar e aceitar com gratidão e alegria tudo o que a Vida
nos oferece." (Fire Lame Deer).
"Entre todos os elementos da natureza o Ar é o único que não pode ser
visto. Ninguém vê Deus." (Pai Cido de Òsun Eyin).
Fogo
O Fogo é o espírito elemental assentado no Leste e representa o ser
espiritual, a centelha divina. Ele é a expressão do grande poder de Wakan
Tanka, o Criador de todas as coisas. Simbolicamente este elemento está
ligado a vontade, desejo, ação, paixão e transmutação.
No princípio do mundo o Fogo pertencia só aos deuses. Ladrões de
Fogo aparecem na tradição e nos mitos de diversos povos, inclusive nos
das tribos do Amazonas que falam de uma Mãe do Fogo que deve ser
constantemente realimentada e a cada Lua Nova recapturada nas pedras
do rio para que os espíritos do frio não reocupem a aldeia.
O Fogo é mistério. A forma como a fumaça se dissolve no ar é
considerada mágica e, até lingüisticamente, este elemento aparece
cercado de uma aura de poder nas expressões do dia-a-dia, tais como
chamas da paixão ou prova de fogo.
Algumas tradições contam como o Fogo fora do controle quase
dizimou todo o Conselho dos Seres Vivos que buscava uma solução para
o controle das doenças e pragas que consumiam raças e povos no início
dos tempos. A Gralha foi chamuscada pelo Fogo e socorrida pelos
demais quando teve, finalmente, a Visão Sagrada e encontrou a resposta:
a purificação pelo ritual do Inipi, onde todos os quatro espíritos
elementais estão presentes.
Para os nativos, sendo um dos quatro espíritos dementais, ele não
pode nunca ser extinto, pois o Fogo é a vida constantemente renovada e
a energia que nos impulsiona para andar nos caminhos da Mãe Terra.
Este é um elemento masculino, ativo, presente na quase totalidade
dos rituais, sendo interpretado como o Poder que transforma, a energia
que ajuda a manter o equilíbrio, renovador da alma e facilita-dor da
clareza, purificador do espírito, principalmente daquele que busca o
encontro com o Uno.
O espírito do Fogo, Pita, geralmente se apresenta com as cores
vermelha, laranja e amarela. Assume formas animais esporadicamente e
prefere dragões, vaga-lumes, serpentes, répteis e outras criaturas míticas
do Fogo. É seduzido facilmente pela música de ritmos fortes, estimula a
paixão e o ardor seja físico e/ou espiritual. É catalisador eficiente de
mudanças e transformações, assim como agente direto do processo de
criação, destruição e recriação. Auxilia o ser humano a enxergar aquilo
que precisa ser destruído a fim de que possa reconstruir sua vida.
Ele detém as lições-chave da vida pós-morte e seus mistérios,
fornece inspiração e percepção espiritual e detém o conhecimento dos
processos mágicos de alquimia (aspectos físicos e espirituais). Controla
desde o calor corporal até os raios solares, desde o esplendor do fogo do
intelecto às centelhas da alma e ajuda a acender a chama espiritual do
homem para que ele se torne obediente à vontade do Criador.
Elemento de grande poder iniciático, é por meio do batismo de
fogo que nossos olhos se abrem para enxergar as impurezas que
precisam ser consumidas, as verdadeiras relações com os outros e o que
elas nos ensinam sobre nós mesmos. E o Fogo que nos ensina a evitar o
desperdício da força vital em auto-indulgência e sensualidade excessiva,
bem como a compreender as leis de causa e efeito. Fogo é luz, inclusive
da alma.
Invoca-se o Fogo em questões ligadas à autoridade, cura,
purificação e iluminação espiritual. Em seus rituais usa-se fogueiras,
tochas ou velas, purificação pela queima de ervas, incensos e canfora ou
quaisquer outros recursos para a destruição de larvas astrais e vibrações
negativas. Também é usual queimar papéis, fotografias ou objetos em
cerimônias de fechamento e exorcismo. Algumas tradições usam ponto
de fogo em torno de locais ritualísticos feitos a partir de lamparinas ou
pólvora.
Quando o Grande Mistério decidiu criar o Universo, começou a
retirar de Si os espíritos da Natureza que fariam parte de toda a Criação.
Assim criou a Terra, o primeiro elemento e o terceiro espírito que
emergiu Dele. Essência da energia feminina, a Terra é o espírito
dementai básico da sustentação e do crescimento. Ela é quem dá força e
nutre tudo que tem vida.
Conta a tradição do povo Lakota que Wakan Tanka, o Grande
Mistério, juntou, um dia, todas as cores luminosas para criar o sagrado
marrom da Mãe Terra. Ao mesmo tempo, Skan, o espírito do Movimento,
também chamado de o Eterno Agora, que existe desde antes da criação
do Tempo, trouxe a Água, criando mares e oceanos. Então Inyan, o
espírito do Equilíbrio, tornou-se pedra e ligou-se à Terra para dar
sustentação ao seu corpo.
Na Roda de Cura, este elemento está representado (na maioria das
tradições indígenas) na Direção Sul, onde se localiza o corpo físico e,
além do marrom, ela é simbolizada, ainda, pela cor verde.
Este espírito elemental inclui as qualidades geradoras, nutridoras e
protetoras. Tudo que diz respeito à Terra possui forma, tamanho, peso e
substância material. Os seres da Terra são a consciência das pedras
preciosas, cristais, dos minerais e da própria Terra.
Chamada de Grande Mãe, Grande Deusa, Mãe Terra, ela nos fala
do Amor incondicional, do sentimento que resiste a todos obstáculos e
que encontra nas adversidades a força para crescer. Revela a importância
da nutrição (nutrir e ser nutrido), do contínuo ciclo das Estações e as
mudanças, da expressão da criatividade pessoal e do poder do feminino.
A Terra, segundo o sonho do tempo da Criação, trouxe em seu
útero todas as raças humanas. É Ela quem cria a vida neste plano físico e
que, com a energia do Sol, cria a Paixão que se manifesta na Criação e na
geração da vida. Ela representa a forma do corpo da mulher e, como
mãe, nutre todos aqueles aos quais deu a vida.
O vento Sul habilita a Mãe Terra a germinar seus frutos para que a
vida se mantenha sobre o Planeta. Esta Direção, onde está o Espírito do
Mundo, é o local da inocência, do crescimento e do rejuvenescimento.
Se alguém esqueceu, ou perdeu, a sabedoria e o conheci mento dos
seus dons deve procurar abrir os olhos da sua criança interior. Eles são a
grande ponte para o conhecimento pessoal, o domínio das palavras e do
aprendizado sobre a sabedoria do mundo. É por meio destes olhos e
desta capacidade de olhar que a energia criadora do Avô Vento partilha
conosco o crescimento, a ressurreição e a nutrição.
Entre as qualidades de Maka, o Espírito Sagrado da Mãe Terra, está
a compreensão profunda das forças telúricas primordiais, a humildade e
força na defesa das virtudes, a natureza prodigiosa (capacidade de criar
fenômenos e manifestações capazes de mobilizar os seres humanos), zelo
pelo Planeta, capacidade de materialização da energia da criação (sua
tarefa vai desde colorir flores até formar grandes cavernas), guardiã de
tesouros ocultos e estimula a criatividade e a inspiração nos humanos.
Os rituais mais simples ligados ao uso mágico e sagrado da Terra
envolvem a confecção de escudos, talismãs de proteção, oferendas de
cereais ou frutas, invocações de prosperidade e abundância e meditações
com as forças da natureza. Para honrar a Terra, os humanos a
representam com árvores, plantas, grãos, pedras, sal, pote de barro com
terra. Os rituais incluem abraçar árvores e caminhadas na natureza.
Água
O espírito da Água ocupa a Direção Oeste na Roda de Medicina.
Símbolo da clareza, pureza e limpeza, é a fonte que cria e sustenta a vida,
representada no útero pelo líquido amniótico.
Pelas suas características de fluidez, mutação constante,
turbulência e tranqüilidade, a Água representa as emoções, os
sentimentos, os aspectos femininos da vida (fluência, criatividade e
emotividade).
Como traz a vida, a água é também purificadora e por isso está
associada aos ritos de passagem, principalmente àqueles que trazem o
significado da morte para que haja um novo nascimento: a própria morte
é descrita como o "atravessar de águas" e muitos dos mitos antigos, nas
mais diversas civilizações, trazem as águas dos dilúvios e inundações
como portadoras da morte e/ou purificação.
A Água é utilizada nos rituais de cura, harmonização, abertura dos
canais intuitivos e para melhorar a sintonia psíquica. Como elemento
purificador possui seu próprio ritmo e movimento. Isso significa tempo e
mudança: os oceanos e mares, mais velhos que a própria manifestação
primitiva de vida, estão em constante mutação e, no entanto, são os
mesmos que o homem primitivo conheceu. As civilizações vêm e vão, e
os mares estão aí, presentes.
A água tem ritmo e movimento próprios, tempo e mudanças e por
suas características de fluidez, mutação constante, turbulência e/ mi
tranqüilidade, ela representa as emoções, os sentimentos, os aspectos
femininos da vida (fluência, criatividade e emotividade). São os espíritos
aquáticos que podem nos ensinar a trabalhar adequadamente com a
força das nossas emoções. Por meio deles nos abrimos a cura e
desenvolvemos nossa natureza psíquica.
Na magia, a força das águas é imensa. Este elemento e capaz de
lazer com que o homem transcenda seus limites e alcance a sabedoria e a
visão. Cruzar as águas significa uma profunda alteração de consciência
(iniciação). Deixar-se atrair pelo canto mavioso de dementais das águas é
se entregar às profundas mudanças simbólicas que se processam no
interior da mente e da consciência, é iniciar-se em reinos maravilhosos e
desconhecidos.
Os humanos jamais serão os mesmos após estes encontros, e a
sensação de morte ou perda de alma que descrevem e que, pela primeira
vez, vislumbraram uma imagem verdadeira de suas almas (esta é apenas
uma das tantas explicações psicológicas e espirituais que tentam
descrever a natureza deste contato com os seres aquáticos e o próprio
inconsciente e emoções humanas).
A mais conhecida das iniciações com a água é o batismo. Nos
tempos antigos este ritual era minuciosamente preparado para que,
quando realizado, realmente desprendesse a teia etérica do corpo a fim
de abrir a verdadeira visão espiritual. Sua força era tamanha que se
equiparava a um novo nascimento, justamente aquele que possibilitava
ao ser humano contemplar o mundo sob sua verdadeira luz, a espiritual.
As forças transcendentais que operam no interior e pelo reino físico
passavam a ser claramente percebidas.
A Água possui vida própria. É um mundo fantástico povoado de
criaturas e seres misteriosos. Entre todos os povos os mitos aquáticos
estão presentes, e tribos norte-americanas falam de uma civilização
oculta, conhecida como Tribo das Águas.
O espírito da Água, Mini, prima pela beleza e entre suas
qualidades estão as formas suaves e femininas, sinuosas, dóceis, gentis e
tão sedutoras que chegam a "roubar" a alma dos humanos, levando-as
para os fundos dos rios e oceanos (entre as tribos brasileiras é muito
comum o roubo de almas das crianças pelos espíritos dos rios). Adora
flores e plantas — uma forma de atraí-lo é oferecer-lhe flores jogando-as
em rios, lagos e mares. Ama a música e, quando se manifesta, sua voz é
encantadora.
Os humanos se conectam com o espírito da Água em busca de
encantamentos, presentes e tesouros mágicos de cura e proteção, além da
saúde. Ele mostra ao homem como multiplicar a abundância dos seus
recursos pessoais e materiais e a vencer medos e limitações.
Banhos de sal e ervas, essências, de mar ou cachoeira, o uso da
água da chuva são os rituais mais simples ligados ao espírito da Água.
Algumas tradições representam a Água com espelhos ou superfícies
polidas e brilhantes para encantamentos de amor, fertilidade e
harmonização do campo emocional.
Ar
O Ar é a força da vida e suporte e sustento para o ser humano,
representando a essência do espírito. Quando inspiramos, inflando os
pulmões, absorvemos o sopro da Fonte da Vida, e quando expiramos,
partilhamos esta dádiva com o mundo.
O Ar é um dos quatro elementos sagrados e está ligado ao corpo
mental (Norte), aos processos intelectuais, ao impulso para a
manifestação do conhecimento e às criaturas aladas. Na tradição
xamânica, os rituais que honram este elemental envolvem as purificações
com incensos.
O Ar é tão essencial à vida quanto a Água. É um elemento criador,
ativo, expansivo e seco, de qualidade masculina. O Vento, o Ar em
movimento, é um excelente purificador de energias negativas.
Transforma situações estagnadas, renova conceitos e espalha idéias.
Para muitos curadores nativos, respirar corretamente, conectandose
com a consciência, é o mesmo que orar. Eles entendem que o Criador
está presente na respiração que tomamos e nossos pensamentos e
intenções em cada expiração. Por isso, os xamãs dizem que para
melhorar o mundo é preciso que as pessoas usem a mente para criar
pensamentos de beleza, alegria, paz, amor e harmonia, listas qualidades
serão exaladas junto com o Ar expirado, fazendo com que passem a
circular entre todas as nossas relações sobre a Terra.
Quando se respira experimenta-se a alegria de estar vivo e
consciente de que o Ar que inspiramos agora foi usado e reciclado por
outras vidas antes de nós e que cada lufada de ar que tomamos vem de
alguma parte da Criação.
Pela respiração podemos nos curar. Quando nos sentimos
estressados devemos parar para respirar. Tomar consciência do nosso
corpo, mente e, concentrados na respiração, permitir que o ar circule no
nosso físico de modo a desbloquear os nós e relaxar as partes tensas até
voltarmos ao estado normal.
O Ar é o elemento que une Céu e Terra, serve de ligação entre
nossa natureza espiritual e a consciência física terrena e representa as
manifestações mais elevadas da mente e a inspiração superior. Por isso
absorvemos força e poder quando respiramos. Durante a meditação,
respirar sincronizadamente em harmonia com o pensamento é uma das
chaves para a ampliação da consciência, da abertura para visões.
O Ar é o condutor do som. Ele possibilita a existência da música. O
espírito do Ar está presente no mais leve suspiro e no mais forte
vendaval. É ele que trabalha para conservar o equilíbrio atmosférico e
formar as nuvens. Presente sempre que um processo de cura se torna
iminente, atua para aliviar a dor e o sofrimento.
O espírito do Ar, Niyan, é revigorante, estimulante e mutável.
Confere grande poder a nossas palavras, ajuda a compreender todas as
línguas, inclusive a linguagem dos animais, revela sua presença por meio
de brisas repentinas, aromas e penas que aparecem misteriosamente. Ele
auxilia o homem a desenvolver a sabedoria baseada na intuição superior
e a transmutar a sensitividade psíquica em sensitividade espiritual, a
desenvolver uma postura mística de reconexão com o sagrado e a
reconhecer e a empregar os ventos da mudança em todos os aspectos da
vida humana. Com o espírito do Ar redescobrimos a força para superar
obstáculos.
Esta é a sua principal lição de harmonia: vencer os conflitos e a
tristeza para que se manifeste maior criatividade pede uma força mental
gigantesca que ele nos ajuda a adquirir.
Os rituais ligados ao espírito do Ar envolvem purificações com
incensos, óleos aromáticos, essências, ervas, sons, oração por meio da
fumaça do Cachimbo Sagrado, além de exercícios respiratórios e da
varredura de teias mentais que estejam enredando a pessoa. Invoca-se o
Ar nas cerimônias relacionadas com viagens, estudos, conhecimentos,
para descobrir objetos perdidos, revelar situações mentirosas e na
abertura de novos caminhos.
"Respirar e aceitar com gratidão e alegria tudo o que a Vida
nos oferece." (Fire Lame Deer).
"Entre todos os elementos da natureza o Ar é o único que não pode ser
visto. Ninguém vê Deus." (Pai Cido de Òsun Eyin).
Fogo
O Fogo é o espírito elemental assentado no Leste e representa o ser
espiritual, a centelha divina. Ele é a expressão do grande poder de Wakan
Tanka, o Criador de todas as coisas. Simbolicamente este elemento está
ligado a vontade, desejo, ação, paixão e transmutação.
No princípio do mundo o Fogo pertencia só aos deuses. Ladrões de
Fogo aparecem na tradição e nos mitos de diversos povos, inclusive nos
das tribos do Amazonas que falam de uma Mãe do Fogo que deve ser
constantemente realimentada e a cada Lua Nova recapturada nas pedras
do rio para que os espíritos do frio não reocupem a aldeia.
O Fogo é mistério. A forma como a fumaça se dissolve no ar é
considerada mágica e, até lingüisticamente, este elemento aparece
cercado de uma aura de poder nas expressões do dia-a-dia, tais como
chamas da paixão ou prova de fogo.
Algumas tradições contam como o Fogo fora do controle quase
dizimou todo o Conselho dos Seres Vivos que buscava uma solução para
o controle das doenças e pragas que consumiam raças e povos no início
dos tempos. A Gralha foi chamuscada pelo Fogo e socorrida pelos
demais quando teve, finalmente, a Visão Sagrada e encontrou a resposta:
a purificação pelo ritual do Inipi, onde todos os quatro espíritos
elementais estão presentes.
Para os nativos, sendo um dos quatro espíritos dementais, ele não
pode nunca ser extinto, pois o Fogo é a vida constantemente renovada e
a energia que nos impulsiona para andar nos caminhos da Mãe Terra.
Este é um elemento masculino, ativo, presente na quase totalidade
dos rituais, sendo interpretado como o Poder que transforma, a energia
que ajuda a manter o equilíbrio, renovador da alma e facilita-dor da
clareza, purificador do espírito, principalmente daquele que busca o
encontro com o Uno.
O espírito do Fogo, Pita, geralmente se apresenta com as cores
vermelha, laranja e amarela. Assume formas animais esporadicamente e
prefere dragões, vaga-lumes, serpentes, répteis e outras criaturas míticas
do Fogo. É seduzido facilmente pela música de ritmos fortes, estimula a
paixão e o ardor seja físico e/ou espiritual. É catalisador eficiente de
mudanças e transformações, assim como agente direto do processo de
criação, destruição e recriação. Auxilia o ser humano a enxergar aquilo
que precisa ser destruído a fim de que possa reconstruir sua vida.
Ele detém as lições-chave da vida pós-morte e seus mistérios,
fornece inspiração e percepção espiritual e detém o conhecimento dos
processos mágicos de alquimia (aspectos físicos e espirituais). Controla
desde o calor corporal até os raios solares, desde o esplendor do fogo do
intelecto às centelhas da alma e ajuda a acender a chama espiritual do
homem para que ele se torne obediente à vontade do Criador.
Elemento de grande poder iniciático, é por meio do batismo de
fogo que nossos olhos se abrem para enxergar as impurezas que
precisam ser consumidas, as verdadeiras relações com os outros e o que
elas nos ensinam sobre nós mesmos. E o Fogo que nos ensina a evitar o
desperdício da força vital em auto-indulgência e sensualidade excessiva,
bem como a compreender as leis de causa e efeito. Fogo é luz, inclusive
da alma.
Invoca-se o Fogo em questões ligadas à autoridade, cura,
purificação e iluminação espiritual. Em seus rituais usa-se fogueiras,
tochas ou velas, purificação pela queima de ervas, incensos e canfora ou
quaisquer outros recursos para a destruição de larvas astrais e vibrações
negativas. Também é usual queimar papéis, fotografias ou objetos em
cerimônias de fechamento e exorcismo. Algumas tradições usam ponto
de fogo em torno de locais ritualísticos feitos a partir de lamparinas ou
pólvora.
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